terça-feira, 21 de setembro de 2010

The Experience Economy

Em inglês, há uma significativa diferença entre 2 conceitos que em português se proporciona por adição de uma nova palavra. É a diferença entre economics e economy, em português Economia e Economia Política. É mister de minha parte voltar a esta sintática em outra oportunidade, com mais informação, contudo consigo adiantar que a Economia, do grego Oikós Nomos, ou Lei da Casa, ou Nomes das Coisas da Casa, é antes da técnica quantitativa da Economia "pura", uma questão política, mais de Psicologia Social do que de Utilitarismo sem proposições ontológicas. Enquanto nos anglo-saxões economics é declinação de economy,  nos luso-brasileiros é a Economia Política que, por sintática, é a declinação da Economia. A política e avaliação subordinadas ao utilitarismo, o uso à idéia do uso. Típico de sub-desenvolvimento intelectual.

Dito isto, e mudando o rumo da prosa, inusitadamente, naquele momento de auto-organização e poiese advindos do caos quântico, deparei-me com o livro que dá nome ao textículo: The Experience Economy, traduzido para português como "espetáculo dos negócios". Traduções e economy critics à parte, o livro propõe uma forma de agregar valor ao produto (aqui como função matemática, servindo tanto para o produto tradicional quanto para o serviço) adicionando uma experiência de valor e símbolo cultural, além da utilidade da economia-economics. Aproximando-se de valores qualitativos e priorizando as sensações para além do valor de uso, novos horizontes para a diferenciação e atribuição de preço emergem, em um momento que as tecnologias conseguem, em sua maioria, ser revertidas e o hardware não é mais monopólio, salvo em raros casos.

Neste cenário, aspectos como simbolismo, cultura empresarial, projeto arquitetônico, design e publicidade, desde que o hardware não seja um empecilho notório, fornecem ao usuário a oportunidade de renovar sonhos, surpreender-se, emocionar-se, identificar-se, superar-se, transcendendo seu limite cultural com a absorção de experiências minuciosamente projetadas. Assemelha-se, sem a alienação proposta por Guy Debord, em uma sociedade do espetáculo, com centros culturais brotando como um rizoma, mantendo-me conceitualmente com os francos Pascal e Deleuze.

A comunicação de tais centros culturais de experiência quasi-mística e seu posicionamento geográfico é motivo para uma revolução na publicidade, integrando os diversos media sob pena de não construir um circuito de RNA's vigoroso e exclusivo, e assim cair no pesadelo do esquecimento ou do lugar comum, a commodity. Por outro lado, um projeto de comunicação cretina será incapaz de proporcionar a experiência prometida, também levando à extinção do "centro cultural de experiência".

Tendo em vista que o sistema cultural é dinâmico, uma comunicação que não prevê uma atualização dos estados de virtualização em um processo civilizatório, hoje descrito como um dos tripés da triple botton line, também tende a um processo sazonal como é no mercado do puro entretenimento pop.

Abstrato n.0

Este trabalho se propõe a analisar a gestão estratégica da comunicação como funcao institucional sine qua non para a construção de marcas duradouras, gestão de projetos e vivificação da cultura organizacional advinda da liderança criadora. Em uma sociedade cada vez mais interdependente e organizacional, a comunicação se constitui função primordial para a correta disseminação de conteúdos informacionais formadores de cultura, como propõem dentre muitos o biólogo Richard Dawkings e o historiador Jim Collings, o primeiro em memética e o segundo em construcao de organizações de excelência. A correta disseminação da cultura organizacional e, em última instância, da ideia de evolução civilizacional, é função, em sua concepção, da gestão estratégica da comunicação e função executiva fundamental para a gestão.

Funções Executivas

Função executiva é um conceito neuropsicológico que se aplica ao processo cognitivo responsável pelo planejamento e execução de atividades, incluindo iniciação de tarefas, memória de trabalho, atenção sustentada e inibição de impulsos, por exemplo.

O trabalho em habilidades executivas visa ajudar o ente à “regular seu comportamento”, através de organização, planejamento e assim favorecendo na sua tomada de decisões.

As maneiras necessárias para se “regular o comportamento” envolve o uso de habilidades que visam a criação de estratégias para a resolução de problemas e para atingir determinadas metas. Essas habilidades são:

Planejamento: Habilidade de criar um caminho para atingir uma meta ou completar uma tarefa.

Organização: Habilidade de se criar uma estratégia para facilitar na execução de uma atividade.

Manejo do tempo: Capacidade de estimar quanto tempo ainda tenho para a execução de um dever de casa, de uma prova de matemática ou de um trabalho para a escola, por exemplo.

Memória de trabalho: Habilidade de manter informações na mente, enquanto executa tarefas. Utilizar aprendizagens do passado para aplicar na situação atual ou criar estratégias de solução de problemas para o futuro. Por exemplo: Lembrar do conhecimento prévio de álgebra para solucionar o problema de matemática que estou realizando.

Metacognição: Habilidade de se observar, identificando como você resolve um problema. Exemplo, pergunto a mim mesmo: “Como estou indo?” ou “Como eu fiz esse exercício?”

Essas habilidades nos ajudam a criar uma meta, um objetivo. Num segundo momento, para se atingir efetivamente essa meta, precisamos de outras habilidades para guiar ou modificar nosso comportamento até se atingir o objetivo final. Isso inclue:

Resposta inibitória: Capacidade de pensar antes de agir. Essa habilidade de resistir em dizer ou fazer alguma coisa nos dá tempo para avaliar uma situação e decidir se algo deve ou não deve ser dito, por exemplo.

Auto-regulação do afeto: Habilidade de regular as emoções para completar tarefas, atingir objetivos e controlar o comportamento.

Iniciação de tarefas: Habilidade de começar uma tarefa, sem procratinar.

Flexibilidade: Habilidade de revisar os planos, na presença de obstáculos, erros ou novas informações. Trata-se da capacidade de adaptar-se a condições adversas.

Persistência ao alvo: Capacidade de seguir e executar um plano até completar a meta, sem desistir.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A Escola Austríaca de Economia

Ubiratan Iorio, um liberal que ao completar o ciclo básico da pós-graduação na FGV-Rio conseguiu avanços interessantes na teoria do Estado Mínimo da Escola Austríaca de Von Mises, Hayek e cia, tem uma perspectiva derivada da economy Austríaca que causa boas impressões, por estar em voga com conceitos espaço-temporais mais contemporâneos do que a escolástica básica de Economia com que tive contato na UFRJ, de perspectiva desenvolvimentista.

Tal Escolástica leva o tempo em termos absolutos, com predicados de homogeneidade, continuidade matemática e inércia causal, como nos tempos newtonianos. Para isto, o espaço amostral supostamente seria a própria expressão do universo e teria em si a homogeniedade do espaço euclidiano, a continuidade de uma função linear e consequentemente todos os predicados causais na condição inicial. Tal concepção é errônea, visto que o sistema espaço-temporal é relativo a partir das concepções de Einstein, e por isto o sistema é muito dependente das condições iniciais, que mudam de forma dinâmica (não-linear). Para a realidade cosmológica contemporânea, predicados econômicos da escola austríaca como continuidade dinâmica, heterogeneidade e eficácia causal detem mais função utilitária do que mecânicas newtonianas para físicas de aspectos subjetivos quasi-quânticos como o valor.

Aliás, o valor é a base para a praxeologia dos economistes austríacos. Na teoria de Mises, um dos teóricos da escola, a ação é qualquer ato deliberado com o intuito de passar de um estado para outro mais satisfatório, aumentando o valor. Por isto atos econômicos estão seminalmente contidos na praxeologia austríaca, e o teoria econômica se constrói a partir do estudo da ação humana, que é a busca pelo valor.

domingo, 5 de setembro de 2010

Arquitetura, Comunicacao e Motivacao

A publicidade faz parte da construcao do ambiente linguistico por trabalhar tanto denotativamente quanto conotativamente o campo semiotico, nao restrita aa reproduzir os conceitos contemporaneos, mas como criadora de simbolos que atribuem peso semantico e influenciam escolhas e comportamentos.

Em psicologia experimental, Philip Zimbardo, um dos expoentes conhecido pelo experimento do aprisionamento de Stanford, universidade da qual e professor, trabalha com o problema da geracao do mal e e presidente da Heroic Imagination Project.

Zimbardo perscruta a atitude humana e a propensao para a pratica do mal (como polo negativo) estabelecendo uma dimensao arquitetonica-institucional como fundamento para a motivacao e poder. A partir da pergunta de como psicologos entendem a transformacao do carater humano, Philip Zimbardo classifica 2 correntes historicas:

- Disposicional - Propensao interna dos individuos
- Situacional - Externo

Alem destes 2, Zimbardo constitui na psicologia uma terceira dimensao, que e de suma importancia para a pratica da administracao (man-aging) e da comunicacao social como pratica indutiva de evolucao do campo cosmologico-semantico: A dimensado Sistemica, sendo esta a influencia que a arquitetura dos sistemas politicos, legais e economicos exerce sobre os individuos e grupos e seu devir. A partir da arquitetura institucional, grupos aumentam a propensao a determinados comportamentos, e tanto a aparicao do mal quanto a motivacao heroica podem ser influenciados por uma bem pensada arquitetura organizacional e da comunicacao social.

Tal e a importancia, agora em uma dimensao psicologica, da comunicacao social como pratica desenvolvimentista e atividade essencial em uma administracao competente que tenha em imanencia uma perspectiva temporal de longo prazo como pratica social nos ciclos economicos. Porque, segundo o publicitario David Ogilvy,

"O consumidor não e um pateta, ele e a sua esposa. Não minta para ela. Não deverias contar mentiras para sua esposa. Não as conte para a minha."

A construcao do complexo simbolo da marca e a anuencia do consumidor certamente sao mais perenes quando ha, no corpo social, a ideia que tal marca contribuiu para a evolucao da historia de maneira positiva, desenvolvendo a sociedade com simbolos que tenham contribuido para a arquitetura de determinada coletividade com, se nao heroismo, ao menos nao com fugacidade nem maldade.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Gestao Estrategica da Publicidade

A Publicidade, antes de ser uma atividade de comunicacao empresarial, era uma praxis a ser veiculada, como o radical alude, na res publica. A coisa publica, enquanto locus da coletividade, era debatida nas agoras, em sociedades com ideiais democraticos e totalitarizada em estados imperiais.

Atualmente a publicidade, aqui no Brasil, se confunde com propaganda, circunscrita aa esfera da comunicacao comercial e a servico do grande capital, sob pena de nao conseguir financiamento e faltar uma parte do tripe do triple botton line, o lucro.

Entretanto, uma comunicacao com intencao apenas de entretenimento, sem a geracao da motivacao pelo desenvolvimento da consciencia perceptiva e sem a criacao de mitos de honradez planetaria aliena o consumidor e gera a criacao de documentos como a Carta de Fortaleza, que a ABAP constituiu no ultimo encontro para debater as restricoes em propagandas infantis propostas pelo CONAR.

O Brasil, pela diversidade etnica, desigualdades sociais e singular matriz industrial e uma expressao quasi-planetaria para a expressao do codigo publicitario, e os premios internacionais conformam o fato.

A monografia analisara a publicidade sintaticamente, semanticamente e pragmaticamente, ou seja, forma, conteudo e contexto, utilizando como base teorica a filosofia da mente, analitica, linguagem e ciencia, a economia de caio prado jr e os fisiocratas, a inducao, crescimento e desenvolvimento, a emergencia do colarinho branco e David Ogilvy como expressao de uma mestria de uma epoca.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Francis Bacon e o Empirismo

A administracao e essencialmente uma arte ativa. Nao se gesta, no sentido latino original do termo, sem uma atitude indutiva, constituindo-se por pathos apos a deducao intuitiva ou cientifica cartesiana. O problema da inducao e basicamente o empirismo, e e liberalismo aas ultimas consequencias, para se chegar do particular ao universal, e nao partir do universal para o particular, o que gera no fim das contas uma excessiva estereotipizacao e iminencia conceitual. O empirista, ao contrario, parte do particular, da experiencia, e nao do raciocinio abstrato. Tal sao as diametralmente opostas teorias do conhecimento cientifico.

Francis Bacon, contemporaneo de Descartes, em seu Novum Organum, concebido como uma critica ao livro de Aristoteles Organum, sistematizou o metodo cientifico indutivo como esperiencia estruturada. Uma pequena sintese da classificacao e armadilhas estereotipas se segue:

No método indutivo, Bacon distingue a experiência vaga e a experiência escriturada. A primeira é a observação feita ao acaso. A segunda corresponde à observação metódica e aos experimentos. Ambas servem para o preparo das acima mencionadas "tábuas de investigação" que são três:

Presença. A tábua de presença registra o fenômeno em todas as circunstâncias em que ele se manifesta. O calor, por exemplo: deveriam ser anotados todos os casos em que ele se apresenta: luz do sol, labaredas do fogo, no sangue humano, etc.

Ausência. A tábua de ausência ou da negação, anota os fenômenos paralelos contrários: raios frios do luar, sangue frio de certos animais, etc.

Graduações. A tábua das graduações ou comparações anota possíveis correlações entre as modificações nos fenômenos em questão.

Os procedimentos experimentais de Bacon compreendiam: de variação, de prolongação, de transferência, de inversão, de compulsão, mudança de condições.

Variação. Consistia em fazer variar alguma das variáveis possíveis na experiência. Ex.: aumentar o peso do objeto que cai para verificar se influi na velocidade da queda.

Prolongação. O ímã atrai o ferro: pequenas partículas de ferro em mistura aquosa também seriam atraídas?

Transferência. A chuva faz as plantas crescerem: que influência teria o ato de regar que imitasse a chuva?

Inversão. Comprovando-se que o calor propaga-se por movimento ascendente, o frio propaga-se por movimento descendente?

Compulsão. Aumentando-se ou diminuindo-se as causas, os efeitos cessarão?

União. O gelo e o salitre, separadamente, resfriam os líquidos: que acontecerá se forem unidos? Mudança de condições. Uma combustão que ocorre em ambiente fechado, repetir-se-á da mesma forma se ocorrer ao ar livre?

Além dessas técnicas principais, Bacon mostra técnicas auxiliares na distinção de fenômenos ou prerrogativas:

Solitárias: prerrogativas em corpos iguais em tudo, diferindo com relação a somente uma característica.

Migrantes: casos em que uma qualidade manifesta-se repentinamente e desaparece: brancura da água espumosa, por exemplo.

Ostensivas: quando uma certa característica é particularmente evidente, como o peso do mercúrio.

Analógicas. Um fenômeno pode esclarecer outro.

Cruciais. Casos decisivos que obrigam o investigador a optar entre duas explicações diametralmente opostas, referentes ao mesmo fenômeno.

Sobre as fontes de erro, ainda quanto ao "Método", Bacon discute, no Livro I do Novo Organum, as causas do erro na busca do conhecimento. Ele aborda as falácias lógicas no raciocínio humano, de que fala Aristóteles, porém pelo aspecto psicológico de suas causas. Para se conseguir o conhecimento correto da natureza e descobrir os meios de torna-lo eficaz seria necessário ao investigador libertar-se daquilo que Bacon chama "Ídolos" ou engodos que levam a noções falsas, remetendo ao conhecimento positivista historico como uma falha ao estereotipar o conhecimento pelo mecanismo abstrato.

1. Ídolos da Tribo. São vícios inerentes à própria natureza humana, tal como o hábito de acreditar cegamente nos sentidos. As percepções obtidas mediante os sentidos são parciais. Elas levariam à percepção do universo de modo mais simples do que ele é na verdade. Também o vício de reduzir o complexo ao mais simples segundo uma visão que se restringe àquilo que é favorável, que é conveniente. Na Astrologia, por exemplo, ignora-se o que falha para ficar com as predições que resultaram conforme o esperado. Outro vício é a transposição. Na alquimia os alquimistas "humanizam" a atividade da natureza atribuindo-lhe antipatias e simpatias.

2. Ídolos da Caverna. São erros devidos à pessoa, não à natureza humana; trata-se de diferenças individuais de habilidade, capacidade. Alguns espíritos tem condições para assinalar as diferenças, outros, as semelhanças: outros indivíduos se detêm em detalhes, outros olham mais o conjunto, a totalidade; ambos tendem ao erro, embora de maneiras opostos .

3. Ídolos do Foro (ou do mercado). São erros implicados na ambigüidade das palavras; a linguagem é responsável. Uma mesma palavra tem sentidos diferentes para os interlocutores e isso pode levar a uma aparente concordância entre as pessoas . Esse pensamento de Bacon evoluiu até a filosofia da linguagem ou positivismo lógico do século XX.

4. Ídolos do Teatro. Tem suas causas nos sistemas filosóficos e em regras falseadas de demonstração. Esses sistemas são puras invenções, como peças de teatro. Ele fala, por exemplo, da vã afetação de certos filósofos.

O preceito da observância contra os ídolos é o início ou introdução ao método. É seu instrumento demolidor. Seu instrumento construtivo é a Indução: partindo-se dos fatos concretos, tais como se dão na experiência, ascende-se até as formas gerais, que constituem suas leis e causas.

Interessante notar que a guerra ideologica entre franceses e ingleses e talvez a mais fertil guerra de que tenho conhecimento ao longo dos seculos. Ja ha tempos os ingleses tem supremacia conceitual, e certamente seumetodo indutivo tem parte na gesta do povo anglo-saxao. Os Brasil, mais aquiescido com os franceses, tem muito a aprender, e tal metrologia empirica e a unica capaz de, a partir da miscigenacao antropofagica nacional, indutivamente construir heterodoxamente uma cosmologia moderna para a estrada do futuro de nossa civilizacao.

A luta contra o enfeiticamento da linguagem

Wittgenstein

"Um nome representa uma coisa, outra coisa, e estao ligados entre si de tal modo que o todo, como quadro vivo, representa o estado de coisas."

Em outros termos, haveria um paralelismo completo entre o mundo dos fatos reais e as estruturas de linguagem. Nesse sentido, ou seja, na medida em que uma proposicao e uma figuracao da realidade, deve haver nela tantos elementos a serem distinguidos quantos os que existem no estado de coisas afigurado; deve haver uma mesma multiplicidade logica ou matematica entre a figuracao e o que e afigurado. Dessa fora, define-se como forma de representacao aquilo que existe de comum entre a figuracao e o afigurado, e a possibilidade de que as coisas no mundo estejam relacionadas, como o estao os elementos da figuracao, e denominada forma da realidade. Desse modo, uma vez que sao figuracoes, as sentencas possuem a mesma forma da realidade que afiguram.

Mas, embora uma sentenca possa afigurar a realidade, ela nao e capaz, no entanto, de faze-lo no que respeita aa sua propria forma de representacao. Se deve haver algo de identico na figuracao e no afigurado a fim de que uma possa ser a figuracao do outro, entao a forma logica (ao mesmo tempo formada realidade) que todas as figuracoes devem possuir, nao pode ser afigurada por nenhuma figuracao. Caso contrario, cair-se-ia em uma regressao ao infinito, ou seja, seria necessario supor uma segunda linguagem que representaria a primeira, e assim sucessivamente. Por essa razao, Wittgenstein conclui que todo o problema da filosofia reduz-se apenas aa distincao entre o que pode ser dito por meio de proposicoes, isto e, mediante a unica linguagem que existe, e o que nao pode ser dito, apenas mostrado.

A linguagem funciona em seus usos, nao cabendo, portanto, indagar sobre os significados das palavras, mas sobre suas funcoes praticas. Estas sao multiplas e variadas, constituindo multiplas linguagens que sao verdadeiramente formas de vida. Em outros termos, poder-se-ia dizer que o correntemente chamado linguagem e, na verdade, um conjunto de "jogos de linguagem", entre os quais poderiam ser citados seus empregos para indagar, consolar, indignar-se, ou descrever. Wittgenstein compara os jogos delinguagem a ferramentas utilizadas pelo operario, que isa o martelo para martelar, o serrote para serrar, e assim por diante. Da mesma forma, nao ha, para Wittgenstein, uma unica funcao comum das expressoes da linguagem. O que se pode dizer que existe sao certas semelhancas, ou, nas palavra sdo proprio Wirrgenstein, certo "ar de familia", certos parentescos que se combinam, se entrecruzam, se permutam. Nao se pode definir eatamente o que seja um "jogo de linguagem", a nao ser atraves da comparacao entre os tracos semelhantes e definitivos de uma serie de jogos. Com essa colocacao do problema, Wittgenstein aproxima-se muito do estruturalismo desenvolvido por Saussure (1857-1913).

A filosofia deve ensinar ao homem apenas como "ver" as questoes; somente "por aa vista" as perplexidades resultantes do esquecimento das razoes pelas quais se utilizam certos conceitos. Em suma, a filosofia e uma permanente "luta contra o enfeiticamento da linguagem".

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Popper e a Sociedade Aberta

Sir Popper tem um vasto livro, dividido em 2 volumes na edição brasileira, chamado A Sociedade Aberta e seus Inimigos, nome de um artigo do livro. Tais escritos são uma compilação de idéias sobre Platão, Hegel e Marx criticando sublimemente a idéia de uma sociedade fechada, que afinal tende ao moderno totalitarismo, recém destituído da Alemanha à época em que foi escrito.

O primeiro volume é sobre Platão, basicamente. Faz uma exegese da obra do filósofo pontuando suas estéticas totalitárias que, embora criticadas nos termos da tirania, não o foram em seu projeto prático-político. Vários de seus discípulos se tornaram déspotas, assim como o filósofo, que defendia o ideal tribal de retorno da sociedade ao paraíso perdido da aristocracia virtuosa e a escravidão dos ditos bárbaros não educados conforme a ideologia helênica.

Heráclito também é alvo de críticas; salvam-se Demócrito e Sócrates que, reinterpretado por Platão, dá a entender que o maiêuta tinha simpatia pelo estado totalitário, embora esta não tenha sido a prática socrática, que morreu pelos seus ideais democráticos.

Popper, como um luminar destoando na sociedade moderna, alude a uma sociedade aberta onde a tecnologia e humanidade são motivo de ode social, o conhecimento é dialético e compartilhado, e a humanidade anda a passos largos sem a apreensão do conhecimento pelo Estado, impedindo e favorecendo classes dominantes com consequencia de atraso para a evolução do conhecimento global da espécie.

A noção de Estado totalitário, estabilidade do campo semiótico, discursividade de âmbito estatizante são tão comuns ainda hoje, e o foram durante a fase tribalista da sociedade, que a tekhné de Sir Popper é opus digno de ser continuado, ainda mais em sintonia com a área de Filosofia da Ciência, de Alberto Oliva, e da Hélice Tríplice, da Sociologia e tão em voga na Engenharia de Produção. A Administração, como prática atual de cunho estatizante, se transforma por métodos contingentes em uma filosofia aberta e globalizante, de expansão do campo semiótico e com alto grau de P&D, a única forma de fato capaz de manter a oxigenação da prática sem externalidades negativas para a democratização do conhecimento do sapiens. Outrossim, perece em falsidades ideológicas e corrupções para a manutenção do mercado por influência do Estado ou, na falta deste, perece.

A teoria do Open Innovation, de Henry Chesbrough, é ainda uma grande oportunidade de desenvolvimento para a prática ecológica de tais idéias, assim como o uso da Publicidade em sua dimensão de civilização da res publica, como o é etimologicamente.

Uma nova ética se faz necessária no âmbito do fato administrativo, e tal catalização só pode ser veiculada pela forma da publicidade, ipso facto.